July 27, 2007





Ainda estou sob a emoção da viagem de retorno definitivo a Portugal, e vim para este quarto,

tão pequeno, para acumular intensidades. Nunca tive uma paixão ligeira, e tive várias por "fenómenos físicos", incluindo a luz da vela, e a primeira folha de neve. Nevava em Lovaina, de encontro aos Cafés que eu abrangia como comunidades de peregrinos, e suspeitei que um falcão voava para o meu trabalho, com uma aura de nobreza, e vindo de um país do sul.


Não pousou no meu pulso, entrou no meu pulso.



Llansol, Lisboaleipzig 1, p.38



July 25, 2007

Nascimento do Blog - Espaço Llansol (Aqui)




Aqui

estou coberta pelo nascimento de Ana de Peñalosa e a neve, que ia fundir-se, voltou a cair; meu corpo está molhado, e meu espírito emerso em névoa. Preocupo-me com o espaço nevado do jardim, e seus habitantes - os melros, à procura de sobras e sementes, os gatos, Jade, Olo, as três galinhas. Tenho, por vezes, com os donos das lojas, conversas amistosas que me circundam durante o dia. O empregado do banco, cujo trabalho nestes dias de ruas alagadas pelo degelo, é sereno, pergunta-me se não foi difícil chegar; há nele um humor acolhedor e uniforme. A neve é, nestes dias, a verdadeira claridade da natureza e, de regresso, a nossa casa coberta de branco, parece-me enorme; tenho um sobressalto no que foi um jardim e vejo, à transparência, como o meu dia-a-dia e o nascimento de Ana de Peñalosa estão ligados; ligados a mim mesma, como se a estrutura dos arbustos e os relevos que sustentam a neve fossem o meu diário, e a neve total que os cobre, os meus livros, desde o livro das comunidades.

Llansol, Causa Amante, p. 11