August 25, 2007





Leio Llansol de lápis na mão, porque é o lápis que me impõe a demora, que me entrava no texto. Isto é, detém-me, contém-me diante da palavra seguinte, obriga-me a voltar atrás, a enredar-me no desenho da escrita. Para mim, há dois tipos de livros muito diferentes: aqueles que se lêem sem lápis na mão, e os outros. (...)
O interessante fica, no entanto, por dizer/pensar: que na leitura-com-lápis, o sujeito da leitura é o devir-escrita do lápis em mim. Sobre o fascínio desse devir-escrita (o sublinhado, o apontamento, a palavra que ressalta, a fórmula, a variação, a derivação, o encadeamento, a precipitação, a fusão de horizontes), há ainda muito a reflectir.


Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não escrevi, I: 18-19

August 5, 2007




A energia do vazio é mais-sopro, meu querido Literatura.
Repara além. A luz do mar lambe as feridas. Se quiseres,
Podes chamar-lhe o ser das águas. Repara como pega ao
Peito estrelas cadentes cheias de sede. Narrativas? Sim,
Podem ser. Uma, duas, três, não sei. Mas o que se sente
Imediatamente é que ali brotam várias fontes de encanta-
mento. Sim, não são águas salvas. Corre até à praia,
Antes que o tempo, ao passar, apague seu rasto neste lugar
Abrupto. Concebem um mundo humano que brilhe no topo
_______ Um espaço conventual que se estenda por desníveis, para
Conter o sopro e o mais-sopro.


Llansol, O Começo de Um Livro é Precioso, estância 245




lilases-da-ria


gramíneas-das-dunas