August 25, 2007





Leio Llansol de lápis na mão, porque é o lápis que me impõe a demora, que me entrava no texto. Isto é, detém-me, contém-me diante da palavra seguinte, obriga-me a voltar atrás, a enredar-me no desenho da escrita. Para mim, há dois tipos de livros muito diferentes: aqueles que se lêem sem lápis na mão, e os outros. (...)
O interessante fica, no entanto, por dizer/pensar: que na leitura-com-lápis, o sujeito da leitura é o devir-escrita do lápis em mim. Sobre o fascínio desse devir-escrita (o sublinhado, o apontamento, a palavra que ressalta, a fórmula, a variação, a derivação, o encadeamento, a precipitação, a fusão de horizontes), há ainda muito a reflectir.


Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não escrevi, I: 18-19